O primeiro-ministro da Guiné-Bissau,
Domingos Simões Pereira, apelou hoje aos restantes dirigentes do país para
deixarem de lado as desavenças que possam existir para se unirem nos essenciais
para desenvolvimento do país.
O apelo foi feito numa altura em que
várias fontes dizem existir divergências entre o chefe de executivo e o
presidente da república.
O governo da Guiné-Bissau convocou um
encontro para 26 de março, em Bruxelas com os principais parceiros do país, aos
quais vai pedir apoios financeiros para programas de desenvolvimento.
“Daqui até final de março, guardemos as
nossas desavenças. De lá para diante podemos voltar às nossas lutas internas”,
exortou Domingos Simões Pereira, explicando que é ele próprio quem se vai
sentar à frente dos parceiros para lhes pedir apoios.
“Vou lá [a Bruxelas] em nome do governo
e de todos os guineenses”, enfatizou o primeiro-ministro, salientando que a
Guiné-Bissau “não pode levar” desavenças internas para a mesa redonda.
Domingos Simões Pereira, que se
pronunciava num comício na vila de Tite, para marcar o 52.º aniversário do
início da luta armada pela independência da Guiné-Bissau, notou que o país tem
estado a ser visitado por parceiros internacionais nos últimos meses.
“Muita gente vem cá visitar-nos para nos
dizer que estão dispostos a ajudar. Agora, que não sejamos nós a estragar as
coisas por causa da nossa querela interna”, pediu Domingos Simões Pereira, sem
referir nomes.
O primeiro-ministro guineense afirmou
que, pelos sinais que tem vindo a receber, os parceiros do país começam a
recuperar a confiança na Guiné-Bissau volvidos anos de instabilidade.
Enquanto líder do governo, disse estar
disposto a ser criticado, mas pede paciência e tolerância aos críticos, tal como
ele próprio vai compreendendo as posições daqueles que não concordam com a ação
governativa.
Simões Pereira disse não ser apologista
do confronto, pelo que admite ceder, mesmo em matérias sobre as quais pensa ter
razão.
“Estamos dispostos à cedência, não por
sermos fracos. Afinal, quem tem força é quem deve ceder”, observou o chefe do
executivo guineense, notando que José Mário Vaz “é o único presidente da
Guiné-Bissau”, enquanto ele próprio é o legítimo primeiro-ministro.
“Não há dúvida de que só temos um
presidente da república”, José Mário Vaz. “Onde ele está, temos que dar dois
passos para trás. Ele é o nosso presidente, mas nós é que somos o governo. Não
pode haver dúvida sobre isso. É assim que a ordem está instituída no país”,
frisou Simões Pereira.
A relação entre o primeiro-ministro e o
presidente José Mário Vaz é tema de conversa nas ruas, colunas de opinião nos
jornais e nos meios políticos com diferentes fontes a especular sobre eventuais
divergências entre ambos.
Os dois líderes guineenses, ambos do
PAIGC e que fizeram campanha juntos no último ano, nunca assumiram em público
ter discordâncias, mas há sinais de que pode estar a faltar sintonia entre
ambos após seis meses de convívio institucional.
No discurso de fim de ano, dirigindo-se
ao governo, José Mário Vaz disse ser necessário começar a cumprir promessas
eleitorais, na medida em que “o período de graça não pode ser alargado
indefinidamente”.
E enquanto o executivo defende a
exploração de minérios no país, Vaz referiu no mesmo discurso que era preciso
apreender “com os erros do passado” e apostar na agricultura.
Noutro dossiê, Simões Pereira e Vaz
ainda não terão conseguido chegar a consenso sobre a nomeação de um novo
ministro da Administração Interna: a cadeira continua vazia quase dois meses
depois de Botche Candé ter sido exonerado pelo presidente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário