MINISTRA AMEAÇA REVER PROTOCOLO DE ACORDO DE GESTÃO DO HOSPITAL RAOUL FOLLEREAU

A minsitra da Saúde Pública, Valentina Mendes, ameaça rever o protocolo de acordo para a gestão do hospital de pneumologia “Raoul Follereau” rubricado em Junho de 2012, entre o Ministério da Saúde Pública e a Associação Internacional de Ajuda Saúde e Desenvolvimento (AHEAD – ONLUS). Conforme informações apuradas pel’O Democrata, a intenção da titular da pasta da saúde pública é rever por completo todo o protocolo de acordo.
Uma fonte junto do referido hospital confidenciou ao nosso jornal que a iniciativa da ministra de reavaliar o protocolo de acordo é uma decisão precipitada que pode levar a retirada imediata da AHEAD do país. A nossa fonte sustenta ainda que aquela organização italiana transformou o hospital “Raoul Follereau” num dos melhores centros hospitalares da sub-região. Na opinião da mesma fonte, o executivo deveria apenas agradecer a organização e tentar cumprir no máximo as suas obrigações tal como estão definidas no protocolo de acordo.
Segundo o referido protocolo de acordo assinado em Junho de 2012 que o nosso teve acesso, a organização italiana sem fins lucrativos é responsável pela gestão do hospital “Raoul Follereau”. A organização obriga-se em oferecer apoio à população guineense no âmbito do desenvolvimento social e sanitário, com particular preferência aos doentes de tuberculose, de doenças infecciosas e não infecciosas sem descriminação étnica, política ou religiosa.
As informações apuradas pelo nosso semanário apontam que a organização italiana obriga-se ainda em fornecer medicamentos, materiais de laboratório de análises clínicas, laboratório de radiologia, de limpeza, a educação sanitária aos doentes, bem como fornecer equipamentos informáticos e softwares para a gestão electrónica do hospital.
Por seu lado, o executivo da Guiné-Bissau, conforme o protocolo de acordo, tem como obrigação principal garantir o abastecimento e custo da energia eléctrica ao hospital. O Democrata apurou junto dos responsáveis daquele centro hospitalar que o governo guineense sempre teve dificuldades em cumprir com a sua parte do protocolo, nesse caso o fornecimento da energia eléctrica. A nossa informante adiantou que mesmo o executivo de transição teve dificuldades em fornecer energia eléctrica ao hospital e a mesma situação está acontecer com as actuais autoridades que “ainda não conseguiram entregar nem um litro de combustível ao hospital”.
Esta situação de não cumprimento de protocolo de acordo por parte do executivo, segundo a nossa fonte, cria enormes dificuldades à organização italiana que é obrigada a conceder uma certa quantia em dinheiro para aquisição do combustivel para fazer trabalhar o grupo de geradores do hospital, a fim de conservar os reagentes do laboratório e a comida para os doentes.
Uma fonte junto da organização italiana explicou que a Ministra da                                                                        Saúde, logo na sua primeira visita ao hospital “Raoul Follereau”, fez uma ameaça na presença dos representantes da organização Ahead que iria rever o protocolo de acordo no seu todo. A fonte contou que a Ahead não está minimamente preocupada com a ameaça das autoridades guineenses de rever ou não o protocolo de acordo porque, porque está satisfeita e orgulhosa pelos trabalhos que conseguiu fazer ao serviço do povo guineense. A fonte lamenta o facto de existir “pessoas mal intencionadas e que pretendem ignorar todo o trabalho da organização italiana” em prol do bem estar da população guineense.
“Conseguimos acabar com o pagamento das consultas e análises nas quais os pacientes gastavam entre 30 a 40 mil francos cfa. Oferecemos gratuitamente todos os serviços do hospital inclusive a alimentação. Não entendemos a razão pela qual as autoridades ou a Ministra pretendem rever o protocolo de acordo que tem um prazo de duração de 5 anos. Cumprimos com a nossa parte. O Executivo é que não está a cumprir a sua parte, sobretudo no que se refere ao fornecimento da energia elétrica” – deplorou a fonte.
O Democrata tentou entrar em contato com o Gabinete da Ministra da Saúde, mas foi informado pela sua assessora de comunicação que a senhora Ministra se encontra fora do país. Solicitada a indicar um responsável do Ministério com quem o assunto podia ser abordado para os efeitos de esclarecimentos em relação às informações avançadas pela ONG italiana, a assessora respondeu que não havia alguém disponível para prestar esclarecimentos. “Apenas ministra poderia falar sobre o assunto”, lançou a assessora.
Importa referir que o hospital “Raoul Follereau” é um centro hospitalar do país especializado no combate ao tuberculose. O hospital tem a capacidade de acolher 700 pacientes por ano e o serviço ambulatório do hopsital realiza quatro mil consultas por ano. De acordo com informações recolhidas no local, todos os serviços são oferecidos aos pacientes gratuitamente, nomeadamente medicamentos, testes diagnósticos e alimentos.
O braço-de-ferro entre a ONG italiana e o governo remonta ao período antes do golpe de Estado militar de 2012. Na altura, Dr. Camilo Simões Pereira, marido da atual ministra da Saúde, ocupava as mesmas funções e não escondia o seu desacordo com a ONG. As informações apuradas pelo nosso jornal indicam que o contrato entre a ONG e o hospital, ficou salvaguardado graças ao governo de transição que reconheceu o bom trabalho da organização no tratamento do tuberculose e conservou o protocolo de acordo.
A organização italiana gasta anualmente mais de 500 mil Euros (aproximadamente 325 milhões de francos CFA) para despesas correntes do hospital. A ONG paga igualmente os subsídios do pessoal afeto ao hospital, estimado entre 80 a 145 mil francos CFA por funcionário.

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