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O Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Cipriano Cassamá, revelou ontem, 11 de abril 2017, que há três meses que o Presidente da República José Mário Vaz viaja ao estrangeiro sem lhe comunicar através do serviço de protocolo, facto que considera de um ‘golpe palaciano’. A revelação do líder do Parlamento guineense foi feita num encontro mantido com a comunidade muçulmana do Bairro de Quelélé, que se deslocou à ANP para solidarizar-se com Cassamá.
“Foi o Presidente José Mário Vaz que deu instruções ao serviço de protocolo para não me comunicar as suas viagens. Para nós, isso é uma alteração de ordem constitucional, isso é um golpe palaciano. Eu sou a segunda figura do Estado nesta terra e tenho direito de saber tudo o que se passa neste país. Não vamos aceitar este tipo de golpe no nosso país! Ninguém vai me comprar, porque não têm dinheiro para me comprar”, denunciou o líder do Parlamento.
Cassamá aproveitou a ocasião para questionar a legalidade do executivo liderado pelo General Umaro Sissoco Embaló e avançou que, se as pessoas quiserem falar sobre isso, poder-se-ia falar e muito bem, porque há muitos segredos nesta terra.
Lembrou ainda que reuniu-se com todos os partidos com assento no Parlamento e convidou inclusive os renovadores (PRS), que considera de uma força política importante no país, mas recusaram tomar parte no encontro. Resolveu reunir-se com formações políticas presentes. Avançou que depois da reunião, submeteu ao Chefe de Estado proposta para a saída da crise, em conformidade com o ‘Acordo de Conacri’.
“Na reunião do Conselho de Estado [José Mário vaz] mobilizou as pessoas para nos insultar, eu e o Domingos Simões Pereira. O Presidente recusou tomar esse documento em consideração. Mas se ele tivesse levado em conta esse documento, se calhar não estaríamos nesta situação de bloqueio”, notou Cassamá.
Cipriano acusou Vaz de dividir os cidadãos, inclusive as forças armadas.
“Qual é a prova que ele tem para chamar os militares de corruptos? Ele próprio foi ao calabouço por causa da corrupção e tem o seu processo em Tribunal. Que moral e autoridade tem para chamar as pessoas de corruptos?”, questiona.
O líder do Parlamento mostrou-se disponível para o diálogo a qualquer momento, de forma a encontrar uma saída para a crise que assola o país há cerca de dois anos.
“Pensamos que é importante neste momento que o nosso Presidente da República cumpra o ‘Acordo de Conacri’. Deve exonerar imediatamente este primeiro-ministro e nomear Augusto Olivais, depois seguir as tramitações de ‘Acordo de Conacri'”, advertiu.
Em representação da comunidade muçulmana do bairro de Quelélé, em Bissau,  Aladje Tcherno Djaló enalteceu os trabalhos de “unir o povo guineense” feito pelo líder do parlamento.
“Viemos por ordem de Imame cumprimentá-lo e solidarizarmo-nos consigo. Vimos  que não podemos ficar só em Quelelé e na mesquita central. Estamos prontos a apoiá-lo para que continue o seu trabalho de unir o povo da Guiné-Bissau”, disse.


Por: Assana Sambú/Celeste Djata/MO

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