Nuno Nabian, líder do partido Assembleia do Povo Unido (APU) exigiu hoje ao chefe de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, a dissolução do Parlamento e a criação de um governo formado apenas por tecnocratas.
Candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais guineenses, Nabian acusou o Presidente José Mário Vaz de não estar a ajudar o desenvolvimento da Guiné-Bissau mas o enriquecimento ilícito dos dirigentes.
Falando em conferência de imprensa, o líder da APU acusou ainda o Presidente guineense de "ter recebido dinheiro da Arábia Saudita" através de um avião que aterrou em Bissau no passado mês de junho, sem, contudo, revelar o montante.
"O dinheiro que veio nesse avião não deu entrada no Tesouro Público mas sim na Presidência da República", defendeu Nuno Nabian, que acusa ainda os atuais governantes da Guiné-Bissau de estarem "a vender o país".
O governo afirmou que o avião em causa trouxe um emissário do rei saudita que era portador de uma mensagem para José Mário Vaz.
Nuno Nabian desafia as atuais autoridades de Bissau a provarem essa versão que contraria para afirmar que o avião trouxe dinheiro e "uma espada que era destinada ao rei de Marrocos", sem entrar em mais pormenores.
"A espada simboliza o poder para os árabes e essa espada que veio até Bissau foi apanhada (pelas autoridades) no Senegal onde foi apreendida", declarou Nuno Nabian.
O dirigente partidário diz que a Guiné-Bissau "vai de mal a pior" e que a "única saída" seria a dissolução do Parlamento, a formação de um Governo de Unidade Nacional, mas integrado apenas por tecnocratas.
Também entende que o país devia preparar-se para realizar novas eleições legislativas "o quanto antes".
A Guiné-Bissau atravessa uma crise política sem que os dois principais partidos do país, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido da Renovação Social (PRS), consigam chegar a acordo para marcar uma data para a continuação dos trabalhos parlamentares e debater o programa de Governo.
O PAIGC venceu as últimas eleições legislativas na Guiné-Bissau, obtendo 57 mandatos no Parlamento, mas passa por uma crise interna com 15 dos deputados a serem excluídos da sua bancada.
A crise interna levou a que o partido esteja neste momento arredado do poder, tendo sido substituído pelo PRS, que conta com 41 mandatos no Parlamento, os quais associou os 15 deputados expulsos do PAIGC, para reclamar uma nova maioria no hemiciclo.
Lusa/Conosaba/MO
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