Cavaco
Silva já passou o testemunho. Eleito a 24 de janeiro deste ano com 52%
dos votos dos portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa é, oficialmente, o
Presidente da República em funções.
Cumpridas as primeiras formalidades do dia, com o hino nacional várias
vezes a ecoar que nem banda sonora, houve coisa pouco habitual nestas
cerimónias: pontualidade. A tempo e horas, tudo estava a postos para que
se cumprisse o destino traçado a Marcelo no passado dia 24 de janeiro.
Com pompa e circunstância como manda a solenidade da ocasião, terminava a
era de Cavaco, começava a de Marcelo.
E o agora Presidente da República começou logo por quebrar o protocolo.
Foi a pé até São Bento onde os mais ilustres convidados o esperavam para
o consagrar chefe de Estado. Inéditas foram também as intervenções
políticas antes da tomada de posse protagonizadas por Pedro Passos
Coelho ou por Carlos César.
Poucos minutos volvidos, perante mais de 500 convidados, Marcelo Rebelo
de Sousa tomava posse como Presidente da República, jurando a
Constituição de 1976 numa Assembleia da República decorada com cerca de
duas mil rosas com as cores da bandeira nacional.
Marcelo fez o juramento solene e assinou o auto de posse. Aplausos,
muitos aplausos, ovações de pé. Excepção feita, sublinhe-se, a Bloco de
Esquerda e PCP, que ficaram de mãos quietas. Cavaco e Marcelo trocaram
de cadeiras e assim se consumou a passagem de testemunho.
"A partir de hoje, vossa excelência",
frisou o presidente da Assembleia da República virando-se para Marcelo
Rebelo de Sousa, “é o nosso Presidente, o Presidente de todos os
portugueses. Desejo-lhe as maiores felicidades”.
E depois de Eduardo Ferro Rodrigues, discursar, seguiram-se as primeiras
palavras de Marcelo enquanto Presidente: "Portugal é a razão de ser do
compromisso solene que acabo de assumir".
"Portugal deve muita da sua grandeza secular ao espírito ecuménico"
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, louvou hoje o "espírito ecuménico" de Portugal.
Na celebração ecuménica na Mesquita Central de Lisboa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa deixou palavras "breves, mas sentidas".
"Portugal deve muita da sua
grandeza secular ao seu espírito ecuménico. Foi grande, sempre que soube
cultivar esse espírito, dentro e fora das suas fronteiras físicas e
ficou aquém do seu desígnio nacional sempre que sacrificou a riqueza da
convergência de culturas, de civilizações e, naturalmente, religiões", referiu após assistir à cerimónia inter-religiosa.
Este é um dia dedicado à tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o chefe do Estado, o texto fundamental do Estado português
"consagra a liberdade religiosa, que supõe a liberdade de não crer, mas
que, para os crentes, vai para além da mera liberdade de culto" e
"implica o respeito de cada confissão na sua visão do mundo e da vida,
expressa no espaço privado como no espaço público".
"Este encontro quer
significar que o Presidente da República como garante a Constituição,
que jurou defender, cumprir e fazer cumprir, será sempre defensor da
liberdade religiosa em todas as suas virtualidades. Mas tem ainda um
outro significado, o de apelo ao espírito ecuménico hoje que aqui
testemunhado possa servir de exemplo para todos os domínios da vida
nacional, convidando a aceitação do outro, ao diálogo, ao entendimento, à
compreensão recíproca, sem negar as diferenças de princípios ou de
vivências, procurando viver para além delas com humildade e com
solidariedade", acrescentou.
O 19.º Presidente da República Portuguesa, no novo salão de festas do
local de culto islâmico da capital pediu ainda que o exemplo "frutifique
na cultura, na educação, no apoio social, na saúde, no mundo laboral e
empresarial, na vida local, na política, porque em nenhuma destas
dimensões é alheia aos vossos percursos de fé".
"Que os próximos cinco
anos sejam vividos sob o signo da mesma paz, justiça e fraternidade, que
a vossa presença e que as vossas palavras hoje aqui tão eloquentemente
evocaram", terminou.
Junto a Marcelo Rebelo de Sousa, no palanque em frente à plateia
de mais de 150 pessoas, esteve o anfitrião e presidente da Comunidade
Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil, entre outros responsáveis de um total
de 17 confissões religiosas.
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