Descontrolado abate de árvores na Guiné-Bissau

A falta de medidas para regular a desflorestação está a contribuir para a desertificação de algumas regiões do país. Abates ilegais têm acelerado a devastação.


O alerta partiu do antigo director-geral de florestas da Guiné-Bissau. Se a devastação florestal se mantiver, «o deserto vai entrar com uma força tão grande que eu acho que o povo guineense não merece tanto castigo», disse Constantino Correia à agência Lusa, lembrando que o país está há décadas sujeito ao abate descontrolado de florestas, sem que sejam tomadas medidas para travar o problema.

Segundo o especialista, que integra um grupo que está a analisar os crimes ambientais cometidos no país, a agricultura nómada, a exploração de lenha e carvão (fonte de energia da maioria dos lares guineenses) e a plantação de árvores de fruto têm dizimado a floresta, mas na última década o corte ilegal acelerou a devastação.

«O Estado deixou de existir, as pessoas faziam o que queriam e o que aconteceu nas florestas da Guiné-Bissau espero que nunca mais aconteça», sublinhou Correia, acrescentando que o único inventário florestal do país, publicado em 1985, recomendava um limite de corte de 20.000 metros cúbicos de madeira por ano para a soma de dez espécies comerciais, mas só em 2014 foram exportados 91.000 metros cúbicos de uma única espécie.

«Isto é muito grave» e só aconteceu porque houve «muitas cumplicidades» das mais altas autoridades para que um punhado de gente ganhasse muito dinheiro em pouco tempo, sem olhar aos danos ambientais a médio e longo prazo, acusou o engenheiro florestal. Os ministérios da Agricultura e dos Recursos Naturais da Guiné-Bissau não reagiram às acusações.
 
 

 

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