Onze pessoas foram condenadas na Guiné-Conacri a prisão perpétua pelo assassínio de oito membros de uma missão de sensibilização para o Ébola em setembro de 2014, indicou hoje fonte judicial.
As restantes 15 pessoas julgadas por estes homicídios cometidos no sul do país foram libertadas no final do julgamento, na terça-feira à tarde, segundo a mesma fonte, citada pela agência de notícias francesa, AFP.
"Argumentámos durante dois dias, mas não fomos ouvidos, e o juiz Mohamed Diop sentenciou uma pesada pena, que vamos contestar até ao Supremo Tribunal", declarou Michel Labilé Sonomu, advogado de defesa, contactado telefonicamente em N'zérékoré, onde decorreu o julgamento.
O ministério público pedira a pena de morte para 15 dos arguidos e a libertação dos restantes 11 por crime não provado, todos acusados dos mesmos factos.
Os advogados de defesa têm agora seis dias para apresentar recurso da decisão tomada nesta instância judicial.
"Os crimes mais odiosos, cruéis e bárbaros são cometidos nesta região do país", observou o procurador William Fernandez, instando a "uma mudança de comportamento", de acordo com a mesma fonte.
O procurador do ministério público declarou-se "muito satisfeito com as decisões que foram tomadas".
"Enquanto procurador, peço sempre o máximo para obter o que pretendia (neste caso, a prisão perpétua), porque sei que na Guiné-Conacri, não se executam as penas de morte, embora elas estejam ainda previstas no nosso Código Penal. Por isso, esta foi uma boa decisão", explicou.
A 16 de setembro de 2014, oito membros de uma equipa de sensibilização para o vírus Ébola, incluindo responsáveis administrativos e da saúde e três funcionários da comunicação, foram mortos por habitantes. Estes últimos negavam a realidade do vírus e gritavam que se tratava de uma "conspiração dos brancos" na localidade de Womey, no sudeste do país.
Dos três países da África Ocidental mais atingidos pelo surto epidémico de Ébola (Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa), foi na Guiné-Conacri -- de onde partiu a epidemia, no final de 2013 -- que as reações à luta contra o Ébola foram mais violentas, em particular no sul, onde existem fortes tensões entre comunidades e também com o poder central.
Em novembro de 2014, o Presidente guineense, Alpha Condé, justificou o recurso à força contra populações resistentes para rastreio da doença.
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