Há dias
assim, dias que o sol deixa simplesmente de exibir o seu brilho ao público. Há
noites também, que a lua rejeita aparecer para o baile. Essa noite é uma delas,
o Nho Morgado de Sabel calmo e paciente, uma característica pouco comum
no seu circuito de amizade, acabava de tomar o seu banho e foi para o quarto. A
sua mulher, vulgarmente conhecida pela Nha Sabel, estava alegre,
pensando que o seu marido ia logo para a cama, era um engano. Sentado na cama
que se encontrava no meio do quarto, limpou o seu corpo calmamente e
levantou-se, vestiu-se e saiu com uma pinta aromática, sem dizer nada. A mulher
sabia que era sexta, por isso dispensava reclamações e boca puxada que não
adiantava em nada.
Bissau
escuro, a lua insistia a não comparecer para o baile que animava as noites de
sexta dos homens, mas isso não impedia o Nho Morgado de Sabel se meter
no seu carro Renault Laguna Station Wagou, azul escuro, de caixa automática,
para dar umas voltas à cidade acabrunhada de mistérios nocturnos. O objectivo
era único, "engate". Era
um termo pouco conhecido, só os que frequentavam as noitadas o conheciam, ou
seja, o homem casado saia da sua casa para paparicar as garotas que se
disponibilizavam a fazer companhia durante a escuridão. Por isso que o lobo,
muito cedo, dizia que a noite é medonha, o escuro é perigoso e se o dia
amanhecesse repentinamente muitos iam saber que não é apenas ele que se
disfrutava da escuridão.
Aquela
noite, além de escura, a chuva também ameaçava vir para o baile da cidade,
porque a lua não queria comparecer, entretanto ela vinha para substitui-la e
dar menos vida para os que estão na rua e mais aconchego para os que estavam na
cama com os abraços apertados, porque vinha com o seu furor de sempre, o vento
friorento.
Nho Morgado
de Sabel, andou os
sítios habituais: foi à Bambu 2000, o ambiente estava um pouco triste, os
fregueses não gostavam da ameaça que a chuva fazia; decidiu ir à Sabura, tudo
estava morno com a esperança de que a lua ia aparecer a qualquer momento;
desceu até Stop, mas encontrou o mesmo panorama; seguiu para a Tabanka, podia
contar no dedo da mão as pessoas que eram persistidas como ele; passou para a
Plack, era um autêntico deserto.
Nho Morgado
de Sabel resolveu
voltar para o bairro de Pilum, a Sabura e a Stop estavam ainda com a esperança
no aparecimento da lua como ele também, a esperança de conseguir um engate
permanecia, embora a noite já tivesse crescido muito. Quando chegou, a
esperança desmoronou-se, rapidamente mudou da estratégia. Encostou o carro azul
escuro na berma de estrada ao pé de uma Taberna de Nar, pôs-se a ligar. Ligou
três meninas, mas todas elas respondiam com uma voz do sono profundo. Voltou a
lista dos contactos para procurar a quarta, foi precisamente nesse momento que
uma voz fina lhe disse: "amigo, patin boleia!".
Era a sorte da esperança.
Lá vai a
boleia, Nho Morgado de Sabel para atrair a menina ordenou, através de um
simples clique no botão, subir todos os vidros e ligou o AC. De repente, o bafo
começou a ganhar o entusiasmo, o fedor vinha donde? Naturalmente da menina que
não sabia o que era tomar banho há mais de um mês, ela era uma psicopata,
literalmente doida. A sorte de desespero subiu a cabeça de Nho Morgado de
Sabel, quando enxergou o anormal na menina, o que ele deve fazer agora?
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